Por que o RH deve investir na educação financeira de seus colaboradores?
Gestão de Pessoas27 de fevereiro de 2025

Por que o RH deve investir na educação financeira de seus colaboradores?

Você já refletiu sobre como a educação financeira pode influenciar a produtividade e o bem-estar dos colaboradores? Na Metadados, sabemos que a gestão das finanças pessoais vai além dos números; ela também está ligada às emoções e ao equilíbrio no ambiente de trabalho.

Para explorar essa conexão, entrevistamos Márcia Tolotti, que compartilhou dados e explicou como as emoções afetam a saúde financeira e a produtividade no trabalho. Ela também sugeriu maneiras para o RH ajudar os colaboradores a melhorarem sua gestão do dinheiro.

Confira a entrevista abaixo e descubra como integrar a educação financeira nas estratégias de RH para criar um ambiente de trabalho mais leve, produtivo e resiliente. Ah, e se preferir, temos a entrevista completa em vídeo, numa live em que a Márcia participou conosco. Basta clicar aqui e acessar gratuitamente.

Entrevista: RH e finanças dos colaboradores com Márcia Tolotti

Por que as orientações financeiras muitas vezes não funcionam?

Márcia: As orientações financeiras disponíveis no mercado são baseadas em princípios sólidos e funcionam em teoria. Mas por que, mesmo sabendo dessas informações, muitas pessoas não conseguem aplicá-las efetivamente? O principal motivo é o impacto das emoções nas nossas decisões financeiras.

Estudos de neurociência e psicologia revelam que 95% das nossas decisões são influenciadas por emoções, enquanto apenas 5% são racionais. Portanto, para que orientações financeiras sejam eficazes, é essencial considerar o papel das emoções e ajustar os comportamentos financeiros de acordo com essas influências emocionais.

Então, somos irracionais diante das compras?

Márcia: Sim, muitas vezes somos irracionais, especialmente quando se trata de compras. Nossas decisões financeiras são fortemente influenciadas por emoções e vieses irracionais, e nossa mente raramente está completamente livre desses fatores.

Reconhecendo esses vieses, podemos melhorar nossa capacidade de gerenciar suas influências. Aceitar que a racionalidade é desafiada por fatores emocionais nos ajuda a fortalecer o papel do raciocínio claro diante dos desafios financeiros.

As redes sociais alimentam nosso desejo de querer/comprar mais?

Márcia: Sim, as redes sociais potencializam esse desejo, mas não são as únicas responsáveis. Ao vermos pessoas exibindo suas conquistas, comprando novos itens e vivendo experiências, sentimos um impulso para nos integrar a esses padrões, o que pode levar a compras impulsivas e desnecessárias.

Essas observações reforçam que muitas das nossas decisões de compra são guiadas mais pela emoção do que pela necessidade racional. No entanto, esse sentimento de pertencimento existe há muito tempo, muito antes das redes sociais, e o endividamento sempre foi um tema presente.

Educação Financeira nas empresas: ilustração de balões de fala felizes, tristes e com raiva

Quais emoções impactam nossas decisões financeiras?

Márcia: As emoções que mais influenciam nossas decisões financeiras são a inveja, tristeza, ansiedade e frustração. Essas emoções podem levar a escolhas financeiras equivocadas, como compras impulsivas ou investimentos mal planejados. Qualquer estratégia de educação financeira deve considerar esses fatores emocionais, pois as pessoas frequentemente tentam preencher lacunas emocionais com consumo.

O neuromarketing explora essa tendência, oferecendo a ideia de que as compras podem proporcionar um sentimento de completude. Contudo, é importante reconhecer e gerenciar essas emoções para evitar decisões financeiras prejudiciais.

Como o RH pode promover a saúde mental do colaborador?

Márcia: A situação financeira pode ser uma consequência do adoecimento, mas não é a causa principal. Para promover a saúde mental dos colaboradores, o RH deve investir em educação e treinamento, ampliando o conhecimento crítico e criando um ambiente seguro psicologicamente. O burnout, por exemplo, é hoje considerado uma doença ocupacional, destacando a importância da saúde mental no trabalho.

Além disso, há uma lei federal que concede um selo para empresas com boas práticas em saúde mental, oferecendo proteção aos colaboradores, pois finanças e saúde mental estão intimamente relacionadas.

Como o RH pode perceber sinais de endividamento dos colaboradores?

Márcia: O RH pode perceber sinais ao observar diversos indicadores-chave. Por exemplo, solicitações frequentes para adiamento de salários podem indicar dificuldades financeiras. Além disso, um aumento no número de acidentes de trabalho pode ser um reflexo do estresse elevado causado por problemas financeiros.

Ainda, o absenteísmo, ou seja, faltas frequentes ao trabalho, também pode sinalizar problemas financeiros. É importante notar que dificuldades financeiras podem impactar a saúde física e mental dos colaboradores, resultando em estresse, dores de cabeça e outras doenças relacionadas.

Como incentivar os colaboradores a buscarem orientação financeira sem causar mal-estar?

Márcia: O marketing interno pode ser muito eficaz nesse sentido. Utilize ações simples, como mensagens no mural ou e-mails, para tornar a educação financeira mais natural e acessível.

Outra dica é enfocar as finanças como um meio para realizar sonhos e objetivos pessoais, e não apenas como uma solução para endividamento. Apresente a orientação financeira de forma positiva e proativa, integrando-a ao desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores.

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Quando o colaborador faz muitas horas extras – como o líder ou o RH deve agir?

Márcia: Se um colaborador está fazendo muitas horas extras com frequência, isso pode indicar um problema. O primeiro passo é ter uma conversa aberta com o colaborador para entender o motivo dessas horas adicionais. Pode haver questões relacionadas ao volume de trabalho, à gestão do tempo ou, claro, à preocupação com dinheiro.

Se for o caso de dinheiro, é importante avaliar se as horas extras são realmente necessárias ou se há outros caminhos para ajudar o colaborador. O diálogo é fundamental para encontrar soluções que beneficiem tanto o colaborador quanto a empresa, garantindo que o excesso de horas não se torne um padrão.

Como trabalhar educação financeira através de dinâmicas de grupo?

Márcia: Utilizar dinâmicas de grupo para ensinar educação financeira pode ser muito eficaz. Uma abordagem interessante é criar jogos de negociação que simulam situações financeiras reais. Por exemplo, propor um cenário onde dois participantes, João e Maria, precisam comprar uma casa, mas não têm reservas financeiras e têm rendimentos limitados. Eles devem planejar e negociar soluções para a situação.

Outra opção é utilizar dinâmicas que envolvem problemas reais enfrentados pela empresa ou pelo grupo. Essas atividades ajudam os participantes a aplicarem conceitos financeiros de forma prática e colaborativa, promovendo um aprendizado mais significativo e engajador.

A saúde financeira da empresa é afetada com os problemas financeiros dos colaboradores?

Márcia: Sim! Em média, 50% dos colaboradores gastam cerca de três horas por semana lidando com questões pessoais relacionadas às finanças durante o horário de trabalho. Para ilustrar, em uma empresa com 200 colaboradores, se 100 deles dedicam três horas por semana a esses assuntos e o custo médio da hora de trabalho é de R$ 10, isso pode resultar em uma perda de aproximadamente R$ 6.000 por mês.

Portanto, é fundamental discutir e abordar este tema. Promover treinamentos e apoiar a gestão financeira dos colaboradores pode ajudar a manter a produtividade e proteger a receita da empresa, beneficiando tanto os colaboradores quanto a organização.

Como fazer um planejamento financeiro e sair do endividamento pessoal?

Márcia: Comece anotando todos os seus gastos e receitas. Transfira essas informações para uma planilha mensal para obter uma visão clara das suas finanças. Verifique todas as entradas e saídas de dinheiro pelo menos uma vez por mês e planeje suas compras com antecedência. Isso ajudará a controlar melhor suas finanças e evitar surpresas.

Evite também parcelar a fatura do cartão de crédito e não use o cartão para sacar dinheiro. Se necessário, considere vender um imóvel para quitar dívidas. Confira seu saldo bancário e gastos com cartão de crédito ao menos uma vez por semana para manter o controle sobre suas finanças.

Então, o que você achou deste tema? Imaginava que o RH tinha um papel tão fundamental na gestão financeira pessoal dos colaboradores? Se você quiser continuar acompanhando outras tendências e melhorar sua rotina, inscreva-se em nossa newsletter e tenha acesso a conteúdos em primeira mão. Clique aqui e inscreva-se!

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Conheça quem escreveu o artigo

  • Carolina Knob
    Carolina Knob

    Carolina é jornalista com pós-graduação em Marketing de Conteúdo, SEO e Inbound Marketing. Nos seus mais de 10 anos de experiência na área da Comunicação sempre trabalhou com produção de conteúdo. Na Metadados, escreve as notícias mais atualizadas sobre Recursos Humanos.

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