Semana de 4 dias: tudo o que o RH precisa saber
Entenda o papel do RH na mudança para a semana de 4 dias
É oficial: já começaram a surgir as primeiras vagas de trabalho com semana de 4 dias!
E, embora essa tendência exija adaptações... ela promete (e entrega) várias vantagens para as empresas.
Mesmo assim, o papel do profissional de RH na implementação da novidade ainda precisa ser mais discutido. Afinal, sem a cooperação desse setor, seria impossível fazer essa mudança de jornada de trabalho funcionar!
Por isso, nesse artigo da Metadados – Especialista em Sistemas para RH, vamos te mostrar tudo o que você precisa saber sobre a novidade. Continue lendo para descobrir como adaptar sua empresa e superar os desafios!
O que é a semana de 4 dias?
Nesse tipo de jornada de trabalho, os funcionários trabalham por 4 dias da semana e folgam durante 3 dias.
Ele se baseia no modelo 100-80-100, que consiste na redução da jornada do funcionário e na preservação do valor integral do seu salário.
Porém, os colaboradores devem estar 100% comprometidos com sua produtividade. Ou seja: na prática, eles precisam trabalhar com mais eficiência para compensar a redução da jornada.
A semana reduzida surgiu em 2018, na Nova Zelândia, com a administradora de bens e testamentos Perpetual Guardian. A partir daquele ano, a direção da empresa decidiu que seus funcionários trabalhariam somente quatro dias por semana, sem perda salarial.
Assim, Andrew Barnes, fundador da empresa, criou a regra 100:80:100. Ele faria pagamento de 100% do salário para funcionários trabalhando 80% no tempo, desde que com 100% de produtividade.
E a aposta de Andrew deu super certo! Após cinco meses nesse modelo de trabalho, houve um aumento de 20% na produtividade do time e de 30% no engajamento dos clientes.
Além disso, os funcionários relataram redução do estresse no ambiente de trabalho.
Devido ao sucesso do experimento, a modalidade de trabalho se manteve de forma definitiva na Perpetual Guardian.
E, com os resultados positivos chamando atenção internacional, no ano seguinte nasceu o movimento 4 Day Week Global, organização que conduz e divulga estudos sobre a semana de 4 dias em diversas empresas ao redor do mundo.
Vantagens da semana de 4 dias
Veja os benefícios de implementar uma semana de 4 dias:
- Atração de novos talentos;
- Retenção dos talentos atuais da empresa;
- Menos absenteísmo;
- Mais eficiência e produtividade nos dias úteis;
- Mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Menos doenças ocupacionais e afastamentos por conta de saúde (já que os colaboradores passam a ter uma rotina mais saudável e ganham mais tempo para fazer check-ups);
- Mais satisfação com o empregador;
- Menos estresse no ambiente de trabalho;
- Menos casos de esgotamento no trabalho (burnout);
- Menos despesas para a empresa (luz, água, telefone, limpeza, alimentação);
- Menos veículos nas ruas e, com isso, menos trânsito e emissões de carbono;
- Menos impacto ambiental de forma geral;
- Mais inovação em gestão e operação.
Desafios da semana de 4 dias
Confira os desafios de implementar uma semana de 4 dias:
- Esse modelo não se aplica para cargos que realmente precisam resolver demandas diárias;
- Dependendo das atividades da empresa, o modelo pode exigir cargas excessivas nos dias úteis;
- Alguns líderes podem pressionar seus funcionários a não faltarem em dias úteis (já que existe um dia extra de folga na semana);
- Alguns profissionais podem não se adaptar, sentindo dificuldade de gerenciar tarefas com um dia a menos.
O que dizem os estudos internacionais
Ao longo dos anos, as pesquisas da 4 Day Week acompanharam 61 empresas e 2.900 colaboradores.
Todos eles trabalharam 80% de suas horas normais, mantendo 100% das entregas, sem redução de salário.
E, após analisar os dados, os resultados foram impressionantes:
- 55% de aumento de produtividade;
- 43% dos profissionais afirmam que a saúde mental melhorou;
- 90% dos entrevistados desejam manter a semana de quatro dias;
- 15% afirmam que não voltariam aos cinco dias de trabalho (mesmo que recebessem um salário maior);
- 57% de redução no turnover das empresas participantes.
Resultados do estudo brasileiro
O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a participar da pesquisa, que envolveu 19 empresas e 252 colaboradores.
O estudo foi realizado em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV).
Durante a análise de dados, foi identificado o seguinte perfil para os participantes do estudo:
- A maioria (63,7%) são mulheres;
- A maioria tinha entre 18 e 24 anos;
- A maioria deles eram casados;
- Quase 7 em cada 10 tinham filhos.
Após o processamento dos dados, os resultados foram disponibilizados em um relatório no site nacional da iniciativa (4 Day Week Brazil).
Esses são alguns dos resultados mais importantes do piloto brasileiro:
O que aumentou:
- 72% das empresas relataram aumento na receita no período do estudo;
- 90 % dos participantes se sentiram mais colaborativos;
- 85 % perceberam mais colaboração entre colegas;
- 80 % se sentiram mais criativos e inovadores;
- 82 % sentiram mais energia para realizar tarefas;
- 78 % sentiram mais disposição para o lazer;
- 74% observaram uma melhora na saúde física;
- 71% ganharam mais energia para amigos e família;
- 60% se sentiram mais engajados;
- 61% notaram melhorias em projetos;
- 49% passaram a se relacionar melhor com seus gestores;
- 44% relataram cumprir melhor seus prazos.
O que diminuiu:
- 65% sentem menos exaustão;
- 62,7% sentem menos estresse no trabalho;
- 49,3% sentem menos desgaste emocional;
- 30,5% sentem menos ansiedade.
Outras informações interessantes:
- 97% desejam continuar com a jornada reduzida, pois se sentem menos ansiosos e mais produtivos;
- 64,9% não se sentem mais cansados no fim do dia;
- 56,5% não estão tão frustrados como antes;
- 30% não mudariam de emprego para voltar a trabalhar cinco dias (por nenhum salário).
Por fim, as mulheres relataram que conseguiram equilibrar melhor as jornadas dentro e fora de casa. Ao mesmo tempo, homens héteros afirmam que começaram a passar mais tempo com a família.
Mudanças na realidade brasileira
Se antes faltavam dados para demonstrar a necessidade de uma transformação no mercado de trabalho brasileiro, depois desse estudo não faltam mais.
Infelizmente, o modelo de trabalho atual não ajuda a aumentar a produtividade dos funcionários e, pior ainda, têm nos adoecido.
Prova disso é que o Brasil está em 1º lugar em casos de transtornos de ansiedade, em 2º nos casos de burnout e em 5º nos casos de depressão.
Tanto é verdade que, ao final do estudo, as empresas participantes decidiram manter a sua carga horária reduzida.
Afinal, elas perceberam que uma jornada de trabalho mais longa não necessariamente nos ajuda a ser mais produtivos!
Inclusive, um ótimo exemplo disso é a Vockan, empresa de software com mais de 100 colaboradores.
Essa organização já havia adotado o modelo de quatro dias antes mesmo do projeto da 4 Day Week começar no Brasil.
Porém, o grande ajuste feito pela empresa não foi apenas na carga horária. Foi uma mudança de mentalidade.
Na época, o CEO da companhia identificou que, antes havia uma enorme perda de tempo dentro da empresa, com 2 a 3 horas diárias de reuniões desnecessárias, além de muita dispersão de foco no WhatsApp e redes sociais.
A solução? Criar um limite de 30 minutos para reuniões e educar os colaboradores sobre como fazer a gestão do próprio tempo.
Como resultado, a produtividade e o engajamento só aumentaram na empresa - e o melhor: 60% dos colaboradores afirmam estar muito felizes trabalhando ali.
Considerando tudo isso, é hora de se perguntar: será que não vale uma mudança de cenário no mundo corporativo?
O que diz a lei sobre a semana de 4 dias
A legislação brasileira não fala da semana de 4 dias de trabalho de forma específica. No entanto, a lei permite que esse modelo seja adotado legalmente.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que o colaborador não pode trabalhar mais de 44 horas por semana, mas não proíbe que o empregador a reduza.
Além disso, a Reforma Trabalhista oferece a possibilidade de fazer acordos entre empresas e funcionários.
Portanto, não existe um impedimento legal para reduzir a jornada de trabalho dos funcionários ou para adotar o modelo 100-80-100.
Como o RH pode colaborar para o modelo funcionar?
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que, para construir um cenário como esse, o apoio e o interesse da alta liderança é fundamental.
Na prática, isso significa que a direção da empresa precisa estar disposta a cultivar uma mentalidade diferente da tradicional.
Para isso, é preciso que os líderes compreendam que, a partir de agora, o que importa não é mais a presença do funcionário na frente do computador das 8 às 17 horas, 5 dias por semana. O foco passa a ser a satisfação com as entregas desse colaborador!
Então, considerando que esse cenário já esteja favorável na empresa, vamos a uma pergunta prática: como o RH pode facilitar a implementação de uma semana de 4 dias?
Veja algumas posturas que são fundamentais para essa missão dar certo:
1 – Planejar a mudança na carga horária da empresa
Inicialmente, o RH deve analisar a viabilidade da adoção da semana de 4 dias na empresa.
Para isso, vale listar os possíveis impactos dessa mudança - no fluxo de trabalho, na produtividade e nos resultados da organização.
Se essa análise indicar resultados positivos, o RH poderá começar a atuar em parceria com os outros líderes, criando um planejamento para a transição da jornada de trabalho.
2 – Comunicar a mudança para engajar os colaboradores
É dever do RH comunicar a mudança do modelo de trabalho de forma clara e transparente, abrindo espaço para os questionamentos.
Para isso, aproveite todos os canais de comunicação da empresa!
Além disso, crie um cronograma de encontros e treinamentos para que os colaboradores tirem suas dúvidas e compartilhem opiniões.
Acredite: se todos entendem os motivos e os benefícios por trás da decisão, a mudança será muito mais tranquila!
3 - Adaptar os processos internos
Além de apoiar a mudança de carga horária, o RH também pode oferecer uma ajuda valiosa na hora de facilitar as alterações processuais dentro da empresa.
Para isso, ofereça apoio aos líderes para adaptar as políticas internas e os processos de trabalho.
Com a ajuda do RH, aumentam as chances de que as novas formas de trabalhar sejam viáveis e funcionais.
4 - Estabelecer metas e indicadores de desempenho
Para garantir o engajamento de todos e não comprometer os resultados gerados, ajude os líderes a estabelecerem metas e indicadores claros.
Vale lembrar que, a partir de agora, a produtividade será medida de outra forma que não em horas!
Por isso, foque em analisar a qualidade e a pontualidade das entregas, além da fluidez dos processos para entregá-las.
Com esse pensamento, é possível monitorar a performance dos colaboradores de uma maneira mais eficaz.
Dessa forma, desenvolve-se uma cultura em que o foco está nos resultados – e não no cumprimento de horas de trabalho.
5 - Esteja disposto a trabalhar de uma forma diferente
Em todas as equipes, incentive:
- A eliminação do hábito de ser multitarefa (multitasking);
- A identificação das tarefas essenciais (priorização);
- A delegação das atividades sempre que possível;
- A promoção da autonomia entre os colaboradores;
- A criação de processos mais intuitivos e organizados.
6 - Coloque a tecnologia a seu serviço!
A tecnologia pode ajudar (e muito!) a organizar e agilizar a rotina dos times – inclusive driblando reuniões excessivas e demoradas que reduzem o expediente!
Com isso, vai sobrar mais tempo para fazer um trabalho focado e produtivo, que justifique a manutenção de uma semana de 4 dias.
Então, mesmo que a sua empresa seja presencial, use e abuse das ferramentas de comunicação assíncrona (como Slack e Discord), gestão de tarefas (como Asana, Monday e ClickUp) e armazenamento digital de arquivos (como One Drive ou Google Drive).
Na hora de escolher, lembre-se que é preferível eleger poucos programas, e que todos eles precisam fazer sentido para as tarefas atuais.
Também vale a pena dar preferência aos sistemas que mais pessoas sabem utilizar, já que isso reduz a resistência ao softwares adquiridos pela empresa.
Conclusão
Segundo uma pesquisa do IWG (International Workplace Group), 83% dos profissionais são mais produtivos com jornadas flexíveis.
Esses resultados mostram que implementar uma semana de 4 dias faz com que a empresa precise ser mais focada em produtividade - diminuindo todas as posturas que não colaboram para esse cenário.
Por fim, reduzir a jornada de trabalho também permite reduzir a rotatividade de colaboradores, além de facilitar a atração e retenção de talentos, promover o bem-estar e aumentar o engajamento.
No entanto, lembre-se: a gestão eficiente da semana de 4 dias começa muito antes da adoção do modelo em si!
Conforme explicamos, essa jornada de trabalho exige do RH e dos líderes um bom planejamento, processos de comunicação eficientes e uma avaliação de desempenho focada nas entregas (e não na carga horária).
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