Gestão de Pessoas20 de fevereiro de 2025

Semana de 4 dias: tudo o que o RH precisa saber

Entenda o papel do RH na mudança para a semana de 4 dias

Semana de 4 dias: tudo o que o RH precisa saber

É oficial: já começaram a surgir as primeiras vagas de trabalho com semana de 4 dias!

E, embora essa tendência exija adaptações... ela promete (e entrega) várias vantagens para as empresas.

Mesmo assim, o papel do profissional de RH na implementação da novidade ainda precisa ser mais discutido. Afinal, sem a cooperação desse setor, seria impossível fazer essa mudança de jornada de trabalho funcionar!

Por isso, nesse artigo da Metadados – Especialista em Sistemas para RH, vamos te mostrar tudo o que você precisa saber sobre a novidade. Continue lendo para descobrir como adaptar sua empresa e superar os desafios!

O que é a semana de 4 dias?

Nesse tipo de jornada de trabalho, os funcionários trabalham por 4 dias da semana e folgam durante 3 dias.

Ele se baseia no modelo 100-80-100, que consiste na redução da jornada do funcionário e na preservação do valor integral do seu salário.

Porém, os colaboradores devem estar 100% comprometidos com sua produtividade. Ou seja: na prática, eles precisam trabalhar com mais eficiência para compensar a redução da jornada.

A semana reduzida surgiu em 2018, na Nova Zelândia, com a administradora de bens e testamentos Perpetual Guardian. A partir daquele ano, a direção da empresa decidiu que seus funcionários trabalhariam somente quatro dias por semana, sem perda salarial.

Assim, Andrew Barnes, fundador da empresa, criou a regra 100:80:100. Ele faria pagamento de 100% do salário para funcionários trabalhando 80% no tempo, desde que com 100% de produtividade.

E a aposta de Andrew deu super certo! Após cinco meses nesse modelo de trabalho, houve um aumento de 20% na produtividade do time e de 30% no engajamento dos clientes.

Além disso, os funcionários relataram redução do estresse no ambiente de trabalho.

Devido ao sucesso do experimento, a modalidade de trabalho se manteve de forma definitiva na Perpetual Guardian.

E, com os resultados positivos chamando atenção internacional, no ano seguinte nasceu o movimento 4 Day Week Global, organização que conduz e divulga estudos sobre a semana de 4 dias em diversas empresas ao redor do mundo.

Semana de 4 dias: ilustração de robô fazendo checklist

Vantagens da semana de 4 dias

Veja os benefícios de implementar uma semana de 4 dias:

  • Atração de novos talentos;

  • Retenção dos talentos atuais da empresa;

  • Menos absenteísmo;

  • Mais eficiência e produtividade nos dias úteis;

  • Mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional;

  • Menos doenças ocupacionais e afastamentos por conta de saúde (já que os colaboradores passam a ter uma rotina mais saudável e ganham mais tempo para fazer check-ups);

  • Mais satisfação com o empregador;

  • Menos estresse no ambiente de trabalho;

  • Menos casos de esgotamento no trabalho (burnout);

  • Menos despesas para a empresa (luz, água, telefone, limpeza, alimentação);

  • Menos veículos nas ruas e, com isso, menos trânsito e emissões de carbono;

  • Menos impacto ambiental de forma geral;

  • Mais inovação em gestão e operação.

Desafios da semana de 4 dias

Confira os desafios de implementar uma semana de 4 dias:

  • Esse modelo não se aplica para cargos que realmente precisam resolver demandas diárias;

  • Dependendo das atividades da empresa, o modelo pode exigir cargas excessivas nos dias úteis;

  • Alguns líderes podem pressionar seus funcionários a não faltarem em dias úteis (já que existe um dia extra de folga na semana);

  • Alguns profissionais podem não se adaptar, sentindo dificuldade de gerenciar tarefas com um dia a menos.

  • Semana de 4 dias: ilustração de mão dando check nas tarefas
  • O que dizem os estudos internacionais

  • Ao longo dos anos, as pesquisas da 4 Day Week acompanharam 61 empresas e 2.900 colaboradores.

  • Todos eles trabalharam 80% de suas horas normais, mantendo 100% das entregas, sem redução de salário.

  • E, após analisar os dados, os resultados foram impressionantes:

  • 55% de aumento de produtividade;

  • 43% dos profissionais afirmam que a saúde mental melhorou;

  • 90% dos entrevistados desejam manter a semana de quatro dias;

  • 15% afirmam que não voltariam aos cinco dias de trabalho (mesmo que recebessem um salário maior);

  • 57% de redução no turnover das empresas participantes.

  • Resultados do estudo brasileiro

  • O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a participar da pesquisa, que envolveu 19 empresas e 252 colaboradores.

  • O estudo foi realizado em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV).

  • Durante a análise de dados, foi identificado o seguinte perfil para os participantes do estudo:

  • A maioria (63,7%) são mulheres;

  • A maioria tinha entre 18 e 24 anos;

  • A maioria deles eram casados;

  • Quase 7 em cada 10 tinham filhos.

  • Após o processamento dos dados, os resultados foram disponibilizados em um relatório no site nacional da iniciativa (4 Day Week Brazil).

  • Esses são alguns dos resultados mais importantes do piloto brasileiro:

  • O que aumentou:

  • 72% das empresas relataram aumento na receita no período do estudo;

  • 90 % dos participantes se sentiram mais colaborativos;

  • 85 % perceberam mais colaboração entre colegas;

  • 80 % se sentiram mais criativos e inovadores;

  • 82 % sentiram mais energia para realizar tarefas;

  • 78 % sentiram mais disposição para o lazer;

  • 74% observaram uma melhora na saúde física;

  • 71% ganharam mais energia para amigos e família;

  • 60% se sentiram mais engajados;

  • 61% notaram melhorias em projetos;

  • 49% passaram a se relacionar melhor com seus gestores;

  • 44% relataram cumprir melhor seus prazos.

  • O que diminuiu:

  • 65% sentem menos exaustão;

  • 62,7% sentem menos estresse no trabalho;

  • 49,3% sentem menos desgaste emocional;

  • 30,5% sentem menos ansiedade.

  • Outras informações interessantes:

  • 97% desejam continuar com a jornada reduzida, pois se sentem menos ansiosos e mais produtivos;

  • 64,9% não se sentem mais cansados no fim do dia;

  • 56,5% não estão tão frustrados como antes;

  • 30% não mudariam de emprego para voltar a trabalhar cinco dias (por nenhum salário).

  • Por fim, as mulheres relataram que conseguiram equilibrar melhor as jornadas dentro e fora de casa. Ao mesmo tempo, homens héteros afirmam que começaram a passar mais tempo com a família.

  • Mudanças na realidade brasileira

  • Se antes faltavam dados para demonstrar a necessidade de uma transformação no mercado de trabalho brasileiro, depois desse estudo não faltam mais.

  • Infelizmente, o modelo de trabalho atual não ajuda a aumentar a produtividade dos funcionários e, pior ainda, têm nos adoecido.

  • Prova disso é que o Brasil está em 1º lugar em casos de transtornos de ansiedade, em 2º nos casos de burnout e em 5º nos casos de depressão.

  • Tanto é verdade que, ao final do estudo, as empresas participantes decidiram manter a sua carga horária reduzida.

  • Afinal, elas perceberam que uma jornada de trabalho mais longa não necessariamente nos ajuda a ser mais produtivos!

  • Inclusive, um ótimo exemplo disso é a Vockan, empresa de software com mais de 100 colaboradores.

  • Essa organização já havia adotado o modelo de quatro dias antes mesmo do projeto da 4 Day Week começar no Brasil.

  • Porém, o grande ajuste feito pela empresa não foi apenas na carga horária. Foi uma mudança de mentalidade.

  • Na época, o CEO da companhia identificou que, antes havia uma enorme perda de tempo dentro da empresa, com 2 a 3 horas diárias de reuniões desnecessárias, além de muita dispersão de foco no WhatsApp e redes sociais.

  • A solução? Criar um limite de 30 minutos para reuniões e educar os colaboradores sobre como fazer a gestão do próprio tempo.

  • Como resultado, a produtividade e o engajamento só aumentaram na empresa - e o melhor: 60% dos colaboradores afirmam estar muito felizes trabalhando ali.

  • Considerando tudo isso, é hora de se perguntar: será que não vale uma mudança de cenário no mundo corporativo?

  • O que diz a lei sobre a semana de 4 dias

  • A legislação brasileira não fala da semana de 4 dias de trabalho de forma específica. No entanto, a lei permite que esse modelo seja adotado legalmente.

  • A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que o colaborador não pode trabalhar mais de 44 horas por semana, mas não proíbe que o empregador a reduza.

  • Além disso, a Reforma Trabalhista oferece a possibilidade de fazer acordos entre empresas e funcionários.

  • Portanto, não existe um impedimento legal para reduzir a jornada de trabalho dos funcionários ou para adotar o modelo 100-80-100.

  • Como o RH pode colaborar para o modelo funcionar?

  • Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que, para construir um cenário como esse, o apoio e o interesse da alta liderança é fundamental.

  • Na prática, isso significa que a direção da empresa precisa estar disposta a cultivar uma mentalidade diferente da tradicional.

  • Para isso, é preciso que os líderes compreendam que, a partir de agora, o que importa não é mais a presença do funcionário na frente do computador das 8 às 17 horas, 5 dias por semana. O foco passa a ser a satisfação com as entregas desse colaborador!

  • Então, considerando que esse cenário já esteja favorável na empresa, vamos a uma pergunta prática: como o RH pode facilitar a implementação de uma semana de 4 dias?

  • Veja algumas posturas que são fundamentais para essa missão dar certo:

  • 1 – Planejar a mudança na carga horária da empresa

  • Inicialmente, o RH deve analisar a viabilidade da adoção da semana de 4 dias na empresa.

  • Para isso, vale listar os possíveis impactos dessa mudança - no fluxo de trabalho, na produtividade e nos resultados da organização.

  • Se essa análise indicar resultados positivos, o RH poderá começar a atuar em parceria com os outros líderes, criando um planejamento para a transição da jornada de trabalho.

  • 2 – Comunicar a mudança para engajar os colaboradores

  • É dever do RH comunicar a mudança do modelo de trabalho de forma clara e transparente, abrindo espaço para os questionamentos.

  • Para isso, aproveite todos os canais de comunicação da empresa!

  • Além disso, crie um cronograma de encontros e treinamentos para que os colaboradores tirem suas dúvidas e compartilhem opiniões.

  • Acredite: se todos entendem os motivos e os benefícios por trás da decisão, a mudança será muito mais tranquila!

  • 3 - Adaptar os processos internos

  • Além de apoiar a mudança de carga horária, o RH também pode oferecer uma ajuda valiosa na hora de facilitar as alterações processuais dentro da empresa.

  • Para isso, ofereça apoio aos líderes para adaptar as políticas internas e os processos de trabalho.

  • Com a ajuda do RH, aumentam as chances de que as novas formas de trabalhar sejam viáveis e funcionais.

  • 4 - Estabelecer metas e indicadores de desempenho

  • Para garantir o engajamento de todos e não comprometer os resultados gerados, ajude os líderes a estabelecerem metas e indicadores claros.

  • Vale lembrar que, a partir de agora, a produtividade será medida de outra forma que não em horas!

  • Por isso, foque em analisar a qualidade e a pontualidade das entregas, além da fluidez dos processos para entregá-las.

  • Com esse pensamento, é possível monitorar a performance dos colaboradores de uma maneira mais eficaz.

  • Dessa forma, desenvolve-se uma cultura em que o foco está nos resultados – e não no cumprimento de horas de trabalho.

  • 5 - Esteja disposto a trabalhar de uma forma diferente

  • Em todas as equipes, incentive:

  • A eliminação do hábito de ser multitarefa (multitasking);

  • A identificação das tarefas essenciais (priorização);

  • A delegação das atividades sempre que possível;

  • A promoção da autonomia entre os colaboradores;

  • A criação de processos mais intuitivos e organizados.

  • 6 - Coloque a tecnologia a seu serviço!

  • A tecnologia pode ajudar (e muito!) a organizar e agilizar a rotina dos times – inclusive driblando reuniões excessivas e demoradas que reduzem o expediente!

  • Com isso, vai sobrar mais tempo para fazer um trabalho focado e produtivo, que justifique a manutenção de uma semana de 4 dias.

  • Então, mesmo que a sua empresa seja presencial, use e abuse das ferramentas de comunicação assíncrona (como Slack e Discord), gestão de tarefas (como Asana, Monday e ClickUp) e armazenamento digital de arquivos (como One Drive ou Google Drive).

  • Na hora de escolher, lembre-se que é preferível eleger poucos programas, e que todos eles precisam fazer sentido para as tarefas atuais.

  • Também vale a pena dar preferência aos sistemas que mais pessoas sabem utilizar, já que isso reduz a resistência ao softwares adquiridos pela empresa.

  • Conclusão

  • Segundo uma pesquisa do IWG (International Workplace Group), 83% dos profissionais são mais produtivos com jornadas flexíveis.

  • Esses resultados mostram que implementar uma semana de 4 dias faz com que a empresa precise ser mais focada em produtividade - diminuindo todas as posturas que não colaboram para esse cenário.

  • Por fim, reduzir a jornada de trabalho também permite reduzir a rotatividade de colaboradores, além de facilitar a atração e retenção de talentos, promover o bem-estar e aumentar o engajamento.

  • No entanto, lembre-se: a gestão eficiente da semana de 4 dias começa muito antes da adoção do modelo em si!

  • Conforme explicamos, essa jornada de trabalho exige do RH e dos líderes um bom planejamento, processos de comunicação eficientes e uma avaliação de desempenho focada nas entregas (e não na carga horária).

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Conheça quem escreveu o artigo

  • Sarah Webber
    Sarah Webber

    Sarah é formada em Marketing e atua como redatora, revisora e estrategista de comunicação, desenvolvendo os textos e planejamentos por trás de campanhas que impactam milhares de pessoas. Já criou conteúdo para os mais diversos nichos e, atualmente, escreve sobre Recursos Humanos na Metadados.

  • Marta Pierina Verona
    Marta Pierina Verona

    Formada em Gestão de Pessoas e pós-graduada em Direito, Marta é especialista em eSocial e em Legislação Trabalhista. Com mais de 20 anos de experiência na área, atualmente, é consultora de aplicação na Metadados.

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