Fernando Hansen fala sobre o poder da vulnerabilidade nas relações de trabalho

A vulnerabilidade cria conexões e confiança. Por isso, líderes precisam começar a desconstruir a ideia de que demonstrarem sentimentos enfraquece a imagem deles diante das equipes. Esse foi o tom da palestra de Fernando Hansen, Chief Customer Officer (CCO) da Metadados, durante o CONGREGARH.

“Não passamos pela coragem, se não conseguimos passar pela vulnerabilidade. E vulnerabilidade não tem nada a ver com fraqueza. Pelo contrário. A vulnerabilidade é muito importante para nossas organizações, pois permite se conectar com o ser de cada pessoa. A vulnerabilidade está entre os principais motivadores da confiança humana, e confiança não se vende. Ela é construída por meio de conexões verdadeiras, transparentes e humanizadas”, afirmou, no evento que ocorreu em Porto Alegre (RS) entre os dias 25 e 27 de setembro. 

Ao intercalar falas sensíveis e histórias de colaboradores que o procuraram em momentos críticos, Hansen emocionou a plateia.

Cinco histórias de sensibilidade

Um dos desafios enfrentados por Hansen foi quando um jovem de 18 anos descobriu um câncer de testículo. Ao saber da doença, Hansen ofereceu um ombro amigo ao liderado: o acompanhou nas duas primeiras sessões de quimioterapia. Hoje, aos 38 anos, o agora professor diz que o apoio do ex-gestor permitiu que ele não desistisse e focasse no tratamento.

Outro momento em que a vida exigiu um olhar mais humano do gestor foi quando uma colaboradora grávida o procurou preocupada com a rotina após o nascimento da criança, já que viajava muito a trabalho. A agenda dela foi remanejada para evitar deslocamentos. A consultora pediu ainda para que, quando houvesse a possibilidade, fosse realocada para uma vaga de trabalho interno. Isso ocorreu meses depois. Hoje, é mãe de três filhos e voltou para a equipe de Hansen.

O terceiro caso foi de uma mulher diagnosticada com câncer de mama. Ela decidiu contar sobre a doença a apenas duas pessoas: ao marido e ao gestor. Diz que foi amparada por Hansen como se fosse uma irmã. Após a cirurgia para retirar o nódulo, teve a prescrição de afastamento do trabalho por sete meses. Mas teve uma recuperação rápida após o terceiro mês e, por isso, decidiu voltar ao trabalho, quando novamente recebeu o apoio do líder.

Hansen contou ainda a história de um homem que teve a filha diagnosticada com cirrose. Parte do tratamento da menina de um ano ocorria em São Paulo, o que demandava o deslocamento da família. Como agravante, isso ocorreu durante a pandemia de covid-19.  Como a menina precisava de um transplante de fígado, Hansen se colocou à disposição para ser doador. Mas a compatibilidade maior foi com a mãe dela. Hoje a menina está bem. O pai conta que se apegou muito à fé nesse processo. Por isso, foi a Aparecida do Norte acender uma vela para a própria filha, a esposa e “a filha de um grande amigo, Fernando”.

Por fim, Hansen relatou o caso de um homem que na pandemia teve 70% do pulmão comprometido após contrair covid-19. Durante a internação, o CCO da Metadados manteve contato diário com o filho do colaborador. Além disso, após o 14º dia de afastamento do trabalho por motivo de saúde, é possível encaminhar o auxílio-doença para que o trabalhador receba o pagamento via INSS. No entanto, Hansen manteve o pagamento do salário normalmente por meio da Metadados. Mesmo depois de receber alta, o colaborador teve mais seis dias de descanso fornecidos pela empresa. Ao final, foi contatado pelo RH para saber se estava suficientemente recuperado para voltar ao trabalho. No retorno, foi recebido com uma ligação de boas-vindas do time de Customer Success, do qual faz parte.

Apoio, diálogo e confiança

Ao contar essas histórias, Hansen destacou o valor do apoio do líder aos colaboradores em momentos críticos, da abertura ao diálogo e da construção de um nível elevado de confiança.

“Fomos educados a não demonstrar nossos sentimentos. Principalmente se você é líder, porque você fica vulnerável e, se o liderado precisar de você, ele vai confundir as coisas. Quanta bobagem”, comentou, ao pontuar que a literatura demonstra que o trabalho proporciona a construção de fortes vínculos afetivos.

O CCO da Metadados assinalou ainda que pesquisas indicam que ambientes de trabalho centrados em pessoas geram menos fadiga entre os colaboradores. Além disso, essas organizações geram maior propensão ao alto desempenho e maior intenção dos funcionários de permanecerem na empresa.

Outro ponto destacado por ele foi que os líderes mais admirados são os que demonstram empatia, autenticidade e humildade. Na balança, pesa mais a essência do que a perfeição. “Os colaboradores querem ser reconhecidos como pessoas, e não como colaboradores”, salientou Hansen.

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