Competências do futuro: quais são e o impacto na performance dos times
O mercado de trabalho é dinâmico e exige que os profissionais invistam constantemente no seu desenvolvimento
O ritmo acelerado da tecnologia dita a velocidade do mundo. Por isso temos a impressão de que os dias passam rápido e as mudanças ocorrem em um compasso difícil de acompanhar. Quem desempenha cargo de liderança tem uma preocupação ainda maior: como guiar o desenvolvimento dos liderados no caminho profissional? Quais as competências precisam ser estimuladas a partir de agora para que continuem colaborando para a competitividade da empresa no futuro?
Quando falamos em mudanças para o futuro, talvez o assunto pareça distante da realidade atual. Mas, já parou para pensar como eram as profissões a alguns anos atrás? Você notou o surgimento de novos papéis que assumimos para encarar um projeto? Que conhecimento temos que adquirir, por exemplo, para evoluir na carreira ou entregar um projeto bem executado?
Os próximos anos serão marcados por mudanças ainda mais significativas. Porém, a partir da evolução tecnológica, cabe aos humanos cuidar daquilo sobre o qual as máquinas têm pouquíssimo domínio: as emoções. Elas são essenciais ao nosso dia a dia e aos bons resultados de qualquer tipo de trabalho.
Pense bem: hoje, as crianças crescem em meio à tecnologia e já dominam essa evolução. Mas onde ficam as habilidades humanas, como a criatividade e a resiliência? Elas também precisam ser estimuladas. Assim, no futuro, cada profissional poderá escolher e trilhar a passos firmes seu próprio desenvolvimento.
Então, para que você não fique para trás e se prepare para a revolução do mercado é que escrevemos este artigo aqui na Metadados – empresa especializada em sistemas completos de RH. Nele, você saberá quais as competências necessárias para garantir a evolução dos times e a relevância do seu negócio pelos próximos anos.
O que são competências?
Competências são um conjunto de três fatores, também identificados por meio da sigla CHA: conhecimentos, habilidades e atitudes. Eles são essenciais para que uma pessoa possa executar uma tarefa com eficiência. São exemplos de competências: liderança, comunicação eficaz, gestão do tempo, pensamento crítico e inteligência emocional, por exemplo.
As competências podem ser divididas em:
Técnicas: também conhecidas como hard skills, estão relacionadas ao domínio de conhecimentos necessários para o exercício de cada profissão. São habilidades adquiridas por meio de treinamento, educação formal ou experiência prática, por exemplo;
Comportamentais: são características pessoais, traços de personalidade e habilidades interpessoais, também chamadas de soft skills. Essas competências são relacionadas ao comportamento, atitudes e estilo de trabalho de um indivíduo, e são consideradas cada vez mais importantes para o sucesso profissional;
Funcionais ou organizacionais: elas podem ser básicas, como pré-requisitos para uma corporação se manter ativa no mercado, ou essenciais, com fatores de diferenciação que tornam uma empresa única no mercado.
Quais são as competências profissionais do futuro?
Independentemente do segmento, os profissionais devem constantemente investir no desenvolvimento de novas habilidades para se adaptarem à dinâmica do mercado de trabalho. Em outubro de 2020, o Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgou a terceira edição do relatório "O Futuro das Profissões", trazendo informações cruciais tanto para empresas quanto para os profissionais.
De acordo com os dados revelados, até 2025, pelo menos 50% dos profissionais de diversos setores da economia global serão afetados pelo avanço das novas tecnologias. Nesse novo cenário, muitos papéis serão substituídos, enquanto surgirão novas oportunidades para aqueles capazes de identificar e se preparar para as tendências atuais.
Baseado em entrevistas com mais de 290 empresas ao redor do mundo, que empregam mais de 7,5 milhões de pessoas, o relatório elaborou uma lista com 15 competências profissionais para o futuro:
- Pensamento analítico e inovação
- Resolução de problemas
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Liderança
- Uso, monitoramento e controle de tecnologias
- Programação
- Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
- Raciocínio lógico
- Inteligência emocional
- Elaboração de táticas que melhoram a experiência do usuário (UX)
- Foco no cliente
- Análise e avaliação de sistemas
- Persuasão e negociação
- Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado
No entanto, se engana quem acredita que ao dominar estas habilidades está isento de correr atrás de novos aprendizados ao longo da vida. Nesse contexto, as competências se tornam perecíveis e perdem relevância em pouco tempo. Alguns estudos indicam que a vida útil média de algumas habilidades é de apenas quatro anos. Portanto, é necessário abandonar a ideia de investir muito tempo e dinheiro em dominar apenas uma competência.
As empresas enfrentam problemas inéditos e a sociedade demanda soluções igualmente novas. Mas, também olhando para o passado. Como resultado, observa-se um aumento na busca por colaboradores que possuam conhecimentos em diversos campos, mesmo que não atuem diretamente neles, mas que os compreendam para buscar soluções em equipe.
O mundo digital é fluido e exige profissionais híbridos, que combinem conhecimentos sobre vários campos e áreas. Não existe uma fórmula mágica para lidar com as incertezas do mercado, mas o mesmo relatório sobre o futuro do trabalho traz algumas pistas. Na lista das habilidades mais importantes para os profissionais nos próximos anos estão as "Estratégias de aprendizagem e aprendizagem ativa".
Ou seja, coloca definitivamente no mapa das competências a serem desenvolvidas aquela que deveria ser a primeira de todas: aprender, desaprender e reaprender, ter consciência sobre a maneira como se aprende melhor e métodos para desenvolver novas habilidades de forma ativa. Isso de forma constante e para o resto da vida, dentro do conceito de lifelong learning.
A importância da visão sistêmica no desenvolvimento profissional
A visão sistêmica no meio corporativo é a capacidade de enxergar e compreender integralmente uma empresa por meio da análise das partes que a constituem. Ela está intrínseca em outras competências tidas como essenciais para o futuro.
Nos últimos anos, o avanço das diferentes formas de trabalho, incluindo o home office, despertou um alerta no mercado sobre o que muitos gestores denominam de fragmentação do trabalho. Isso significa que se tornou mais difícil ter uma compreensão abrangente do que ocorre com o trabalho dos colegas e em outras equipes.
Como resultado, as pessoas passaram a se concentrar apenas em suas próprias entregas, o que acarreta inúmeros prejuízos quantitativos e qualitativos, tanto para os profissionais quanto para as empresas como um todo.
Nesse sentido, cresce a necessidade de se estimular a visão sistêmica não apenas entre os gestores, mas de forma geral e individual entre as equipes. Dessa maneira, o profissional é capaz de inserir o seu trabalho no contexto da organização, compreender seu impacto, entender o setor e o mercado, se familiarizar com as necessidades e estratégias de outras áreas e, além disso, identificar tendências ao seu redor.
Essa capacidade de enxergar o todo não traz benefícios apenas para a empresa, mas também é uma habilidade crucial para o progresso na carreira e para alcançar novas oportunidades. Mais do que nunca, as pessoas precisam assumir um papel de protagonismo.
É fundamental considerar diferentes cenários, acompanhar o que ocorre na empresa e demonstrar interesse, fazer perguntas aos colegas sobre suas áreas, conhecer o que está crescendo e o que não está. Ou seja, a curiosidade é o principal gatilho para desenvolver essa habilidade essencial não apenas para o futuro, mas para o agora.
Esse é considerado um dos pilares mais importantes neste processo, pois o fato de ser curioso é que leva a pessoa a aprender coisas novas. As pessoas aprendem a fazer as perguntas certas, algo que pode ser descrito como a Maiêutica Socrática. Ou seja, que tem o intuito de fazer um aprofundamento cada vez mais detalhado do problema, causa e situação do que se quer descobrir.
As diferentes formas de desenvolver competências
O desenvolvimento de competências, de modo geral, implica em adquirir o conhecimento e dominar as habilidades necessárias para desempenhar o seu papel atual ou para um cargo que espera ocupar no futuro. Isso ainda sem distinguirmos hard e soft skills.
Porém, como vimos até aqui, os profissionais que pretendem se manter relevantes no futuro serão valorizados pelas habilidades humanas que apresentarem.
Mas, como adquirir algo tão pessoal, como humildade e adaptabilidade, por exemplo? Para isso, existem duas correntes de pensamento que podem nos auxiliar:
Nexialismo
O termo nexialista tem origem na palavra "nexo" e refere-se àquele que tem a capacidade de estabelecer as conexões necessárias para resolver os problemas que surgem no dia a dia. Essa habilidade de conectar diferentes áreas de conhecimento e pessoas surgiu pela primeira vez no livro "Voyages of the Space Beagle", escrito pelo autor canadense A.E. van Vogt.
Na obra, o protagonista é apresentado como um nexialista, capaz de unir de forma organizada o conhecimento de diversos campos de aprendizado. A história se passa em uma nave espacial repleta de cientistas que enfrentam momentos desafiadores no espaço.
Inicialmente, o nexialista é menosprezado por seus colegas. No entanto, ao longo da história, ele utiliza suas habilidades de construir conexões entre as diferentes áreas do conhecimento e reunir pessoas para resolver problemas. Como resultado, ele acaba salvando o dia e ganhando o respeito de todos.
O nexialista é conhecido por reunir competências diversas, que abrangem desde habilidades pessoais, sociais, comerciais e técnicas até competências gerenciais e de liderança. Com essa combinação, não é surpreendente que ele seja capaz de promover transformações e criar oportunidades.
No entanto, algumas características dos nexialistas se destacam:
Visão holística: eles têm a capacidade de enxergar o quadro geral e compreender as interações complexas entre diferentes áreas e pessoas.
Compreensão da mentalidade e do comportamento: eles possuem um entendimento profundo sobre como as pessoas pensam e agem, permitindo-lhes motivar e influenciar os outros com clareza e objetividade.
Habilidade de inspirar pelo exemplo: eles têm a capacidade de serem modelos de comportamento e inspirar aqueles ao seu redor através de suas ações.
Capacidade de provocar transformações na vida das pessoas: eles são capazes de catalisar mudanças positivas na vida das pessoas, tanto em nível profissional quanto pessoal.
Crença no aprendizado contínuo: eles reconhecem a importância do aprendizado constante e estão sempre buscando aprimorar seus conhecimentos e habilidades.
Persuasão: eles têm a capacidade de convencer e influenciar as pessoas a cooperarem com suas ideias e propósitos.
Comunicação assertiva: eles possuem habilidades de comunicação eficazes, transmitindo suas ideias de forma clara e convincente.
O nexialista reconhece que não possui conhecimento profundo em todas as áreas, assemelhando-se aos generalistas nesse sentido. No entanto, eles sabem quem são os especialistas, com conhecimento mais aprofundado, e têm a capacidade de persuadir as pessoas a colaborarem com eles para alcançar o sucesso no trabalho.
Uma característica distintiva desse tipo de profissional é a proatividade. O nexialista é alguém que identifica demandas, não se contenta com as comodidades e possui uma curiosidade insaciável.
Heutagogia
A heutagogia é um campo de estudo dedicado à aprendizagem autodeterminada. O conceito foi criado pelos teóricos Stewart Hase e Chris Kenyon, em 2000. Essa abordagem visualiza um futuro em que saber aprender será uma habilidade fundamental, considerando o ritmo das transformações e a constante evolução das comunidades e dos locais de trabalho.
À medida que a inovação se torna essencial, as empresas passam a contratar profissionais exclusivamente para impulsioná-la. Nesse contexto, indivíduos que já desenvolveram competências empreendedoras, como criatividade, proatividade e autonomia, ganham vantagem competitiva.
A heutagogia pode ser um meio pelo qual esses comportamentos sejam estimulados e internalizados como hábitos, preparando mais efetivamente os alunos para o futuro. Essa abordagem tem se disseminado amplamente graças ao expressivo crescimento de cursos de Educação a Distância (EAD).
O papel do professor nesse contexto, é claramente diferente do exercido em cursos presenciais, uma vez que o aluno é quem precisa tomar a iniciativa de buscar o conhecimento, não havendo um contexto imediato que o obrigue a isso.
Nessa modalidade, o professor atua como um mediador ou facilitador do processo de aprendizagem. Tem o papel de levar provocações ou estímulos que fazem pensar e buscar respostas além da sala de aula. A principal diferença em relação a abordagens convencionais é que fica a cargo do aluno escolher o conteúdo que vai aprender. E isso tende a favorecer a absorção desse conhecimento já que cada trajetória de aprendizagem é única a partir de escolhas, motivações e objetivos de cada pessoa.
Para saber mais: nós destacamos em uma tabela as 8 competências que são consideradas essenciais para o profissional do futuro. Nela, você poderá entender os diferentes conceitos a partir do Nexialismo e da Heutagogia, além de exemplos práticos de aplicação dessas habilidades. Veja aqui!
Considerações sobre competências do futuro
O interesse em estar atendo aos desafios do presente e se preparar para o futuro traz benefícios que abrangem toda a corporação. As empresas que se voltam a entender como será o futuro do trabalho, tendem a desenvolver processos de recrutamento e seleção de maneira mais assertiva e adiciona outra perspectiva ao planejamento estratégico, além de aumentar a retenção de talentos.
Sair da zona de conforto pode ser difícil, ainda mais para pessoas que são avessas a correr riscos, contudo, as profissões estão sendo ressignificadas. O profissional que não acompanhar essa evolução tende a se tornar pouco relevante na dinâmica futura de trabalho. Para evitar isso, um dos caminhos, como vimos, é se desenvolver de maneira contínua.
Diante dessa perspectiva, o papel das lideranças se mostra fundamental no incentivo à busca por competências e qualificação da equipe. Existem diversas formas de capacitar os colaboradores e incentivá-los a serem cada dia melhores. Porém podemos observar que independentemente da cultura organizacional, líderes que são exemplos de excelentes profissionais inspiram seus colaboradores.
A liderança que se autodesenvolve favorece e estimula o crescimento de sua equipe. É um ciclo vivo e dinâmico de exemplo, influência, mentoria e valorização. O verdadeiro líder é aquele que não precisa saber tudo sobre o processo que ele gerencia, mas sim entende de pessoas.
Boas oportunidades para a evolução individual podem começar com perguntas como: o que você aprendeu? O que ainda precisa aprender? Como eu posso te ajudar a aprender?
Um líder atento a seu time entende e mantém relevante as competências e necessidades do grupo e de cada profissional, mesmo quando não estão diretamente ligadas aos desafios organizacionais. Existem conhecimentos transversais que complementam repertórios e experiências. Porém, a identificação desses pontos só é possível a partir dessa troca entre líderes e liderados e do entendimento em conjunto da importância de cada um para o sucesso do negócio.
Para que a liderança consiga impulsionar o desenvolvimento dos times, nós criamos o “Guia de competências: como preparar os liderados para o futuro”. Nele, você terá acesso a estratégias para ter uma equipe conectada ao negócio e entre si.